Um dos criminosos mais procurados do país, conhecido pelo apelido “Coroa”, morreu na manhã desta terça-feira (2) durante uma operação conjunta dos Batalhões de Operações Policiais Especiais (BOPE) de Santa Catarina e de Goiás. A ação ocorreu no Bairro Vila Nova, em Braço do Norte (SC), onde o suspeito estava escondido.
De acordo com a Polícia Militar, os agentes cumpriam um mandado de prisão quando o foragido desobedeceu à ordem de parada e tentou atirar contra as equipes. Os policiais reagiram, e o homem morreu no local. Ele possuía quatro mandados de prisão em aberto e uma extensa ficha criminal, com acusações por roubo, incêndio, explosões, associação criminosa, falsificação de documentos e latrocínio.
O suspeito era considerado peça-chave de uma organização criminosa especializada em ataques a instituições financeiras nos estados de Goiás, Tocantins e Pará, entre 2014 e 2016 — o período de maior expansão do chamado “Novo Cangaço”. As investigações apontam que a quadrilha estava entre as mais violentas do país, responsável por sitiar cidades, espalhar terror e usar armamento pesado para explodir agências bancárias.
Cavalcante (GO): um dos alvos estratégicos da quadrilha
Entre os crimes atribuídos ao grupo, um dos mais marcantes para a região Nordeste de Goiás é o roubo ao Banco do Brasil de Cavalcante, registrado em 30 de junho de 2016. O ataque, que entrou para o histórico de violência do município, ocorreu durante a onda de explosões a bancos que assolava diversos pontos do estado. Assim como em outras cidades atingidas, moradores de Cavalcante viveram momentos de pânico diante da ação criminosa, que paralisou o cotidiano local e expôs a vulnerabilidade de municípios pequenos diante de quadrilhas de alta capacidade bélica.
O episódio é lembrado até hoje por comerciantes, servidores públicos e moradores, que viram a rotina pacata da cidade ser tomada por tiros, explosões e barricadas improvisadas pelos criminosos.
Série de ataques atribuídos ao grupo
Além de Cavalcante, a quadrilha liderada pelo criminoso atuou em diversos municípios, entre eles:
- Campinorte (GO) – 11/10/2014
- Barro Alto (GO) – 09/10/2015
- Santana do Araguaia (PA) – 04/11/2015
- Nova Crixás (GO) – 06/11/2015
- São Miguel do Araguaia (GO) – 13/01/2016, ação que deixou 15 feridos e resultou na morte da servidora do MP, Viviane Costa Ferreira
- Mara Rosa (GO) – 14/03/2016
- Ataque a carro-forte entre Uruaçu e Niquelândia (GO) – 14/04/2016
- Caixa Econômica Federal de Mara Rosa (GO) – 04/06/2016
- Banco do Brasil de Cavalcante (GO) – 30/06/2016
- Araguaçu (TO) – 11/08/2016
- Santa Terezinha de Goiás (GO) – 26/10/2016
- Acreúna (GO) – 01/11/2016
- Ataque a carro-forte entre Campinaçu e Formoso (GO) – 10/11/2016
O que é o “Novo Cangaço”
O modo de atuação do grupo segue o padrão do chamado Novo Cangaço, denominação dada às quadrilhas que, fortemente armadas, ocupam cidades pequenas e médias, fecham acessos, fazem moradores reféns e atacam bancos de maneira extremamente violenta e coordenada. O nome remete ao cangaço tradicional do início do século XX, mas com métodos modernos, uso de explosivos, logística avançada e capacidade de mobilidade interestadual.
A morte do suspeito encerra a trajetória de um dos criminosos mais violentos da região, especialmente para cidades históricas e turísticas como Cavalcante, que ainda convivem com as marcas deixadas pela violência do período. Para moradores, a ação policial representa o desfecho de um capítulo que trouxe medo e instabilidade ao município e à região do Alto Paraíso e Chapada dos Veadeiros.