Uma forte chuva voltou a assustar os moradores de Campos Belos (GO), no nordeste do estado, na tarde desta terça-feira (2).
As enxurradas intensas transformaram ruas em verdadeiros corredores de água e provocaram alagamentos nas áreas próximas aos riachos que cortam a zona urbana.
Uma das escolas municipais teve a cobertura danificada e ficou toda alagada.
O problema, porém, não é novo — e tem raízes profundas na forma como a cidade cresceu ao longo das últimas décadas.
A ocupação desordenada das margens dos cursos d’água, sem planejamento ambiental ou respeito às áreas de preservação permanente, reduziu drasticamente o espaço natural para o escoamento das águas. Em muitos pontos, edificações foram construídas sobre barrancos e até sobre antigas passagens de água, comprometendo ainda mais a drenagem.
Outro fator agravante é a urbanização acelerada: quase todas as ruas foram asfaltadas, mas sem a implantação de sistemas de captação e condução de água da chuva.
Sem bocas de lobo, galerias ou canais pluviais adequados, o volume acumulado corre diretamente para as regiões mais baixas e para dentro dos riachos, que transbordam com maior facilidade.
Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, consequência direta da crise climática global, especialistas alertam que a tendência é de agravamento. Chuvas mais frequentes e volumosas devem pressionar ainda mais a infraestrutura urbana de Campos Belos, que já opera no limite.
Moradores relatam preocupação com a repetição anual do problema e cobram medidas estruturais para evitar novos episódios. Entre as demandas estão a recuperação das matas ciliares, a construção de sistemas de drenagem eficientes e o ordenamento do uso do solo urbano.
Enquanto soluções definitivas não avançam, cada novo temporal renova o cenário de risco — e a sensação de vulnerabilidade de quem vive às margens dos riachos da cidade.