PMs e advogada são presos em operação que desarticula esquema de agiotagem e extorsão em Luziânia; vídeos mostram agressões e ameaças a vítimas

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) prendeu, na sexta-feira (28), três policiais militares, uma advogada e duas pessoas ainda não identificadas, todos suspeitos de integrar uma quadrilha que atuava com agiotagem, lavagem de dinheiro e extorsão em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal.

As investigações apontam que o grupo movimentou mais de R$ 7 milhões em cerca de dois anos de atuação.

Entre os presos está o sargento da PM Hebert Póvoa, apontado como um dos articuladores do esquema. De acordo com as apurações, o policial usava de extrema violência para cobrar dívidas de mulheres vítimas da agiotagem.

Em um dos vídeos reunidos pela PCGO, divulgado pelo portal Metrópoles, o sargento aparece armado, dentro da casa de uma devedora, fazendo ameaças, agredindo a vítima com tapas e proferindo ofensas.

No registro, a mulher — visivelmente amedrontada — tenta explicar que sequer havia recebido o dinheiro que o grupo dizia ter emprestado.

O policial toma o celular dela, enquanto a vítima implora pela devolução do aparelho, alegando que precisava dele para trabalhar. Em outro momento, pede que o agente verifique o armário da casa para comprovar que não tinha conseguido comprar nem o básico para a filha.

Além das agressões praticadas pelo sargento, outro vídeo, também obtido pela Polícia Civil, mostra a advogada Tatiane Meireles, esposa de Hebert Póvoa, espancando um homem com um taco de beisebol. A vítima aparece ajoelhada atrás de um veículo, enquanto a agressora desfere golpes e um segundo integrante da quadrilha grava as imagens e faz ameaças: “Aqui no Goiás você vai aprender como funciona”, diz o autor da filmagem.

Segundo a PCGO, Tatiane não apenas participava das cobranças violentas, como também fornecia suporte jurídico à quadrilha. Além dela e do marido, foram presos o sargento Miguel Roberto Mendonça e o soldado Ronam Ferreira Lustosa, todos lotados no quartel de Luziânia. As identidades dos dois civis detidos não foram divulgadas.

Em nota, a Polícia Militar de Goiás afirmou que tomou conhecimento da operação, declarou que não compactua com desvios de conduta e informou que já adotou as medidas administrativas cabíveis para apurar os fatos.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos policiais e da advogada, mas o espaço permanece aberto para manifestação.

As investigações seguem na 5ª Delegacia Regional de Luziânia, que trabalha na análise completa do material apreendido e no rastreamento financeiro do grupo, que teria se especializado em endividar pessoas vulneráveis e usar violência para garantir os pagamentos.